segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Quem é o seu amante? (Jorge Bucay – Psicólogo)

Muitas pessoas têm um amante e outras gostariam de ter um.

Há também as que não têm, e as que tinham e perderam.

Geralmente, são essas últimas que vêm ao meu consultório, para me contar que estão tristes ou que apresentam sintomas típicos de insônia, apatia, pessimismo, crises de choro, dores, etc.

Elas me contam que suas vidas transcorrem de forma monótona e sem perspectivas, que trabalham apenas para sobreviver e que não sabem como ocupar seu tempo livre.

Enfim, são várias as maneiras que elas encontram para dizer que estão simplesmente perdendo a esperança.

Antes de me contarem tudo isto, elas já haviam visitado outros consultórios, onde receberam as condolências de um diagnóstico firme: “Depressão”, além da inevitável receita do antidepressivo do momento.

Assim, após escutá-las atentamente, eu lhes digo que não precisam de nenhum antidepressivo; digo-lhes que precisam de um AMANTE!!!

É impressionante ver a expressão dos olhos delas ao receberem meu conselho.

Há as que pensam:

“Como é possível que um profissional se atreva a sugerir uma coisa dessas”?!

Há também as que, chocadas e escandalizadas, se despedem e não voltam nunca mais...

Para aquelas, porém, que decidem ficar e não fogem horrorizadas, eu explico o seguinte:

“AMANTE é aquilo que nos apaixona; é o que toma conta do nosso pensamento antes de pegarmos no sono; é também aquilo que, às vezes, nos impede de dormir.

O nosso “AMANTE ” é aquilo que nos mantém distraídos em relação ao que acontece à nossa volta.

É o que nos mostra o sentido e a motivação da vida.

Às vezes encontramos o nosso ”AMANTE” em nosso parceiro.

Também podemos encontrá-lo na pesquisa científica ou na literatura, na música, na política, no esporte, no trabalho, na necessidade de transcender espiritualmente, na boa mesa, no estudo ou no prazer obsessivo do passatempo predileto…

Enfim, é “alguém” ou “algo” que nos faz “namorar a vida” e nos afasta do triste destino de ir levando.

E o que é “ir levando”?

"Ir levando" é ter medo de viver. É o vigiar a forma como os outros vivem, é o se deixar dominar pela pressão, perambular por consultórios médicos, tomar remédios multicoloridos, afastar-se do que é gratificante, observar decepcionado cada ruga nova que o espelho mostra, é se aborrecer com o calor ou com o frio, com a umidade, com o sol ou com a chuva.

"Ir levando" é adiar a possibilidade de desfrutar o hoje, fingindo se contentar com a incerta e frágil ilusão de que talvez possamos realizar algo amanhã.

Por favor, não se contente com “ir levando”… Seja também um amante e um protagonista DA SUA VIDA!



Acredite:

O trágico não é morrer; afinal a morte tem boa memória e nunca se esqueceu de ninguém.

O trágico é desistir de viver…

Por isso, e sem mais delongas, procure algo para amar…

A psicologia, após estudar muito sobre o tema, descobriu algo transcendental:

PARA ESTAR SATISFEITO, ATIVO E SENTIR-SE JOVEM E FELIZ, É PRECISO NAMORAR A VIDA.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Pudim por Marta Medeiros

Não há nada que me deixe mais frustrada do que pedir Pudim de sobremesa,
contar os minutos até ele chegar e aí ver o garçom colocar na minha frente
um pedacinho minúsculo do meu pudim preferido. Um só.



Quanto mais sofisticado o restaurante, menor a porção da sobremesa. Aí a
vontade que dá é de passar numa loja de conveniência,
comprar um pudim bem cremoso e saborear em casa com direito a repetir
quantas vezes a gente quiser, sem pensar em calorias, boas maneiras ou
moderação.

O PUDIM é só um exemplo do que tem sido nosso cotidiano.

A vida anda cheia de meias porções, de prazeres meia-boca, de aventuras pela
metade. A gente sai pra jantar, mas come pouco.
Vai à festa de casamento, mas resiste aos bombons. Conquista a chamada
liberdade sexual, mas tem que fingir que é difícil (a imensa maioria das
mulheres continua com pavor de ser rotulada de 'fácil').

Adora tomar um banho demorado, mas se contém pra não desperdiçar os recursos
do planeta.
Quer beijar aquele cara 20 anos mais novo, mas tem medo de fazer papel
ridículo.

Tem vontade de ficar em casa vendo um DVD, esparramada no sofá, mas se
obriga a ir malhar. E por aí vai.

Tantos deveres, tanta preocupação em 'acertar', tanto empenho em passar na
vida sem pegar recuperação... Aí a vida vai ficando sem tempero,
politicamente correta e existencialmente sem-graça, enquanto a gente vai
ficando melancolicamente sem tesão...

Às vezes dá vontade de fazer tudo 'errado'. Deixar de lado a régua,o
compasso,a bússola, a balança e os 10 mandamentos.

Ser ridícula, inadequada, incoerente e não estar nem aí pro que dizem e o
que pensam a nosso respeito. Recusar prazeres incompletos e meias porções.

Até Santo Agostinho, que foi santo, uma vez se rebelou e disse uma frase
mais ou menos assim: 'Deus, dai-me continência e castidade, mas não agora'..

Nós, que não aspiramos à santidade e estamos aqui de passagem, podemos
(devemos?) desejar vários pedaços de pudim, bombons de muitos sabores,
vários beijos bem dados, a água batendo sem pressa no corpo, o coração
saciado.

Um dia a gente cria juízo. Um dia. Não tem que ser agora.

Por isso, garçom, por favor, me traga: um pudim inteiro,um sofá pra eu ver
10 episódios do 'Law and Order', uma caixa de trufas bem macias e o Richard
Gere, nu, embrulhado pra presente. OK? Não necessariamente nessa ordem.

Depois a gente vê como é que faz pra consertar o estrago.





“Há noites que eu não posso dormir de remorso por tudo o que eu deixei de cometer.”
Mário Quintana
















"O importante não é vencer todo dia, mas lutar sempre!!!"
"Quando se crê em DEUS, não há cotidiano sem milagre!!!"