segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Quero ser uma TV

Na sala de aula, a professora pediu aos alunos que fizessem uma redação e que nela expressassem, de alguma forma, o que gostariam que Deus fizesse por eles.

Já em casa, quando corrigia os textos dos alunos, deparou-se com uma que a deixou deveras emocionada.

Um choro sentido irrompeu sem que ela pudesse controlar.

Deixou tudo o que estava fazendo, sentou-se numa poltrona, ainda com a redação nas mãos, e ficou ali, pensativa, entre lágrimas.

O marido percebeu que alguma coisa estava errada, e entrou no escritório onde ela estava:

O que aconteceu, querida?

Ela, sem conseguir falar direito, passou a ele a redação e disse:

Lê... A redação é de um aluno meu.

O marido segurou a folha de papel e começou a ler:

Senhor, nesta noite, peço-te algo especial: transforma-me numa televisão.

Quero ocupar o espaço dela. Viver como a televisão da minha casa vive. Ter um espaço especial para mim e reunir a família ao meu redor.

Quero ser levado a sério quando falar. Ser o centro das atenções e ser escutado sem interrupções e perguntas.

Senhor, quero receber a mesma atenção que ela quando não funciona, quando está com algum problema.

Ter a companhia de meu pai quando ele chega em casa, mesmo que esteja cansado.

Que minha mãe me procure quando estiver sozinha e aborrecida, ao invés de me ignorar.

E ainda, que meus irmãos briguem para poderem estar comigo.

Quero sentir que minha família deixa tudo de lado, de vez em quando, para estar comigo.

Por fim, que eu possa divertir a todos.

Senhor, não te peço muito. Só te peço que me deixes viver intensamente como qualquer televisão vive!

Quando o marido terminou a leitura, estava incomodado.

Meu Deus, coitado desse menino! Que pais ele tem! ? disse ele virando-se para a esposa.

A professora olhou bem nos olhos do marido e depois baixou-os, dizendo num sussurro:

Esta redação é do nosso filho...

* * *

Há tantas coisas que o mundo moderno nos oferece! Tantas opções para tudo, que ainda parecemos deslumbrados com esta realidade, como crianças ao adentrar numa imensa loja de brinquedos.

São tantas informações disponíveis, tantas distrações, tanto entretenimento ao nosso dispor...

Mas será que não estamos deixando de lado o mais importante? Será que sabemos o que é mais importante, o que procurar na vida?

Mediante esta constatação, será que a família não está sendo deixada em segundo plano?

Será que os relacionamentos não estão sendo vividos numa certa superficialidade confortável?

É tempo de pensar em tudo isso.

Não troquemos a brincadeira com um filho por um jornal televisivo. Não troquemos momentos de conversa amiga com os familiares por um capítulo de novela.

Aquele Reality Show não é mais importante do que o telefonema ao amigo, perguntando se está bem.

A vida em família é o grande alicerce da felicidade de todos nós. O resto é acessório. O resto... é resto.

Filhos são do mundo (José Saramago)

Devemos criar os filhos para o mundo. Torná-los autônomos, libertos, até
de nossas ordens. A partir de certa idade, só valem conselhos.
Especialistas ensinaram-nos a acreditar que só esta postura torna adulto
aquele bebê que um dia levamos na barriga. E a maioria de nós pais
acredita e tenta fazer isso. O que não nos impede de sofrer quando fazem
escolhas diferentes daquelas que gostaríamos ou quando eles próprios
sofrem pelas escolhas que recomendamos.

Então, filho é um ser que nos emprestaram para um curso intensivo de
como amar alguém além de nós mesmos, de como mudar nossos piores
defeitos para darmos os melhores exemplos e de aprendermos a ter
coragem. Isto mesmo! Ser pai ou mãe é o maior ato de coragem que alguém
pode ter, porque é se expor a todo tipo de dor, principalmente da
incerteza de estar agindo corretamente e do medo de perder algo tão amado.

Perder? Como? Não é nosso, recordam-se? Foi apenas um empréstimo! Então,
de quem são nossos filhos? Eu acredito que são de Deus, mas com respeito
aos ateus digamos que são deles próprios, donos de suas vidas, porém, um
tempo precisaram ser dependentes dos pais para crescerem, biológica,
sociológica, psicológica e emocionalmente.

E o meu sentimento, a minha dedicação, o meu investimento? Não deveriam
retornar em sorrisos, orgulho, netos e amparo na velhice? Pensar assim é
entender os filhos como nossos e eles, não se esqueçam, são do mundo!

Volto para casa ao fim do plantão, início de férias, mais tempo para os
fllhos, olho meus pequenos pimpolhos e penso como seria bom se não
fossem apenas empréstimo! Mas é. Eles são do mundo. O problema é que meu
coração já é deles.
Santo anjo do Senhor...

É a mais concreta realidade. Só resta a nós, mães e pais, rezar e
aproveitar todos os momentos possíveis ao lado das nossas 'crias', que
mesmo sendo 'emprestadas' são a maior parte de nós !!!


"A vida é breve, mas cabe nela muito mais do que somos capazes de viver "

José Saramago

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Viver ou Juntar dinheiro? (Max Gehringer)

Há determinadas mensagens que, de tão interessante, não precisam nem sequer de comentários. Como esta que recebi recentemente.

Li em uma revista um artigo no qual jovens executivos davam receitas simples e práticas para qualquer um ficar rico. Aprendi, por exemplo, que se tivesse simplesmente deixado de tomar um cafezinho por dia, nos últimos quarenta anos, teria economizado 30 mil reais. Se tivesse deixado de comer uma pizza por mês, 12 mil reais. E assim por diante.

Impressionado, peguei um papel e comecei a fazer contas. Para minha surpresa, descobri que hoje poderia estar milionário. Bastaria não ter tomado as caipirinhas que tomei, não ter feito muitas viagens que fiz, não ter comprado algumas das roupas caras que comprei. Principalmente, não ter desperdiçado meu dinheiro em itens supérfluos e descartáveis.

Ao concluir os cálculos, percebi que hoje poderia ter quase 500 mil reais na minha conta bancária. É claro que não tenho este dinheiro.
Mas, se tivesse, sabe o que este dinheiro me permitiria fazer?
Viajar, comprar roupas caras, me esbaldar em itens supérfluos e descartáveis, comer todas as pizzas que quisesse e tomar cafezinhos à vontade.

Por isso, me sinto muito feliz em ser pobre. Gastei meu dinheiro por prazer e com prazer. E recomendo aos jovens e brilhantes executivos que façam a mesma coisa que fiz. Caso contrário, chegarão aos 61 anos com uma montanha de dinheiro, mas sem ter vivido a vida.

"Não eduque seu filho para ser rico, eduque-o para ser feliz. Assim ele saberá o VALOR das coisas e não o seu PREÇO"

Que tal um cafezinho?

terça-feira, 16 de novembro de 2010

A Flor da honestidade

Conta-se que por volta do ano 250 a.C, na China antiga, um príncipe da região norte do país,
estava às vésperas de ser coroado imperador, mas, de acordo com a lei, ele deveria se casar.

Sabendo disso, ele resolveu fazer uma "disputa" entre as moças da corte ou quem quer que se
achasse digna de sua proposta.

No dia seguinte, o príncipe anunciou que receberia, numa celebração especial, todas as pretendentes e lançaria um desafio.

Uma velha senhora, serva do palácio há muitos anos, ouvindo os comentários sobre os preparativos, sentiu uma leve tristeza, pois sabia que sua jovem filha nutria um sentimento de
profundo amor pelo príncipe.

Ao chegar em casa e relatar o fato à jovem, espantou-se ao saber que ela pretendia ir à
celebração, e indagou incrédula:

- Minha filha, o que você fará lá? Estarão presentes todas as mais belas e ricas moças da corte. Tire esta idéia insensata da cabeça, eu sei que você deve estar sofrendo, mas não torne o sofrimento uma loucura.

E a filha respondeu:
- Não, querida mãe, não estou sofrendo e muito menos louca, eu sei que jamais poderei ser a
escolhida, mas é minha oportunidade de ficar pelo menos alguns momentos perto do príncipe,
isto já me torna feliz.

À noite, a jovem chegou ao palácio. Lá estavam, de fato, todas as mais belas moças, com as mais
belas roupas, com as mais belas jóias e com as mais determinadas intenções. Então, finalmente,
o príncipe anunciou o desafio:

- Darei a cada uma de vocês, uma semente. Aquela que, dentro de seis meses, me trouxer a mais bela flor, será escolhida minha esposa e futura imperatriz da China.

A proposta do príncipe não fugiu às profundas tradições daquele povo, que valorizava muito a especialidade de "cultivar" algo, sejam costumes, amizades, relacionamentos etc...

O tempo passou e a doce jovem, como não tinha muita habilidade nas artes da jardinagem, cuidava com muita paciência e ternura a sua semente, pois sabia que se a beleza da flor surgisse na mesma extensão de seu amor, ela não precisava se preocupar com o resultado.

Passaram-se três meses e nada surgiu. A jovem tudo tentara, usara de todos os métodos que conhecia, mas nada havia nascido.

Dia após dia ela percebia cada vez mais longe o seu sonho, mas cada vez mais profundo o seu amor....

Por fim, os seis meses haviam passado e nada havia brotado. Consciente do seu esforço e dedicação a moça comunicou a sua mãe que, independente das circunstâncias retornaria ao
palácio, na data e hora combinadas, pois não pretendia nada além de mais alguns momentos
na companhia do príncipe.

Na hora marcada estava lá, com seu vaso vazio, bem como todas as outras pretendentes, cada
uma com uma flor mais bela do que a outra, das mais variadas formas e cores.

Ela estava admirada, nunca havia presenciado tão bela cena.

Finalmente chega o momento esperado e o príncipe observa cada uma das pretendentes com muito cuidado e atenção.

Após passar por todas, uma a uma, ele anuncia o resultado e indica a bela jovem como sua futura esposa.

As pessoas presentes tiveram as mais inesperadas reações. Ninguém compreendeu porque ele havia escolhido justamente aquela que nada havia cultivado. Então, calmamente o príncipe esclareceu:

- Esta foi a única que cultivou a flor que a tornou digna de se tornar uma imperatriz. A flor da
honestidade, pois todas as sementes que entreguei eram estéreis.
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A honestidade é como uma flor tecida em fios de luz, que ilumina quem a cultiva e espalha claridade ao redor.